Todos sabemos o que são emoções! Todos as sentimos … Às vezes são incómodas outras vezes são agradáveis. Sentimos emoções quando estamos sós e quando estamos com os outros.
Contudo, ninguém nos ensina a conviver e a lidar com elas! Aprendemos muitas coisas e não aprendemos coisa alguma sobre as emoções!…
Ora uma emoção não é mais do que um impulso para agir. O nosso organismo parece estar programado para reagir de um determinado modo perante algumas circunstâncias, como no caso do medo frente a um estímulo ameaçador. A emoção é, por isso, um processo adaptativo: cada emoção representa uma predisposição diferente para a ação. Permitem-nos sobreviver, reagindo com rapidez, apoiando-nos na tomada de decisão e facilitando a interação com os outros.
Sabemos que há pessoas que têm medo, tristeza, raiva e que têm dificuldade em gerir a emoção. E também sabemos que há pessoas que têm dificuldade em mostrar as suas emoções…
Saber controlar ou regular emoções é determinante – há que saber controlar-se a si mesmo para poder relacionar-se com os outros.
Hoje em dia e por exemplo no mundo do trabalho, sabemos que são as competências sócio-emocionais as mais importantes. As pessoas que melhor gerem as emoções são pessoas mais hábeis, mais felizes e mais produtivas.
Como gerir então as emoções?!
Saber lidar com as emoções, implica estar atento aos nossos estados íntimos, ou seja, ter consciência das diferentes emoções que vão passando por nós ao longo de um dia.
A minha experiência diz-me que grande parte das pessoas vive centrada ou em situações já passadas (no que aconteceu, no que disse, no que poderia ter dito, no que pensaram, na ideia com que os outros ficaram …) ou em situações futuras (o que será que vão pensar, o que será que vai acontecer, e se correr mal … é aqui que entram as preocupações – que como a própria palavra diz são pré-ocupações …). O facto é que vivendo centrado num ou noutro ponto, passado ou futuro, a vida escapa, a serenidade é inexistente (porque falta sempre algo…). Então a alternativa é viver no presente, é praticar o que também é chamado “atenção plena”. Isso permite saber o que se vai passando connosco e identificar as nossas emoções.
Saber lidar com as emoções, implica também que pratiquemos a aceitação de tudo o que nos afecta.
Na minha prática clínica, encontro muitas vezes pessoas que têm dificuldade em aceitar as suas emoções. Nomeadamente a raiva, a ira, são muitas vezes escamoteadas. As pessoas dizem “não posso sentir isto” , “não quero sentir isto”. A rejeição das emoções também acontece muito com os medos, como no caso das questões ligadas à ansiedade – e só enfrentando os medos é que os ultrapassarmos…
Noutras situações, são as emoções positivas também rejeitadas, porque impróprias, desadequadas, pensam as pessoas. O prazer sexual é um bom exemplo disso.
Para além da aceitação das emoções, há que aceitar que reagimos de determinado modo e que exprimimos determinada emoção. E aprendermos com isso. Às vezes acontece dizermos coisas pouco simpáticas a alguém. Então que fazer senão compreender a situação e aprender com ela para o futuro?!…
É por isso importante que tenhamos consciência do nosso diálogo interno e que passemos a conversar connosco de forma consciente, em modo de auto-reflexão. Esta auto-reflexão tem como objetivo ter presente que não são as situações externas que nos prejudicam ou que nos magoam ou que nos fazem mal… a única coisa que nos provoca mal-estar é a forma como interpretamos essas situações.
Então, o nosso diálogo deve passar por desconstruir os chamados pensamentos irracionais e criar um diálogo interno construtivo.
Conversar consigo mesmo também passa por não tomar as situações como pessoais, não sentir como ataques: o automobilista que me ultrapassa a gesticular e a insultar, as críticas agressivas do meu chefe ou do marido, a impaciência do senhor que atende no restaurante … nada disto me é dirigido, nada é pessoal – cada pessoa está a reagir à sua própria vida, ao seu próprio filme.
Interpretar as situações de um ponto de vista pessoal, deixa pouco espaço para a compreensão do outro. Compreender que cada pessoa é o protagonista do seu filme faz sentir uma grande liberdade, a pessoa deixa de ser responsável pelas atitudes e palavras de outros e tudo o que fizer ou disser será sem medo ou angústia.