Lidar com emoções “nocivas”

A SERENIDADE Todos os momentos dos nossos dias, das nossas vidas, estão intrinsecamente associados às emoções e aos sentimentos. E, mais do que isso, à maneira como cada um de nós vai convivendo com as emoções que vão surgindo. É da interação entre a emoção, o pensamento e o comportamento que surgem as dificuldades, nomeadamente a ansiedade e a depressão – tão comuns nos dias correntes.

É com base num artigo de Tara Brach*, que adapto e partilho a técnica RAIN, uma das forma de aprender a lidar com as emoções que consideramos nocivas.

RAIN significa:

R – Reconhecer o que se está a passar

A – Aceitar que a experiência permaneça como é

I – Investigar com interesse e cuidado

N – Nutrir-se com autocompaixão

 

R – Reconhecer o que se está a passar

Reconhecer significa admitir, num dado momento e conscientemente, os pensamentos, sentimentos e comportamentos que nos estão a afetar. O primeiro passo para lidar com as situações que nos afetam – e com os sentimentos considerados nocivos – é apenas reconhecer que estamos presos a crenças dolorosas, que se traduzem em determinadas emoções e sensações físicas.

Os sintomas envolvem, entre outros:

  • o nosso crítico interior, a autocrítica,
  • sentimentos de medo, incapacidade, vergonha ou medo,
  • ansiedade / depressão.

Reconhecer é apenas dar conta do que se está a passar, observando – conscientemente – o que sucede no momento. Reconhecer o que surge permite a transformação – enquanto negarmos algumas emoções apenas perpetuamos o nosso sofrimento.

Quando sentirmos que algo nos afeta, podemos, por exemplo, dizer a nós mesmos “observa!”, “apenas nota o que se passa…”, “estou a sentir … (nomear a emoção) ”.

 

A – Aceitar que a experiência permaneça como é

Aceitar que os pensamentos, sentimentos, emoções, sensações que reconhecemos estão presentes, sem procurar modificá-los, controlá-los ou evitá-los. E também evitando julgar o que se está a passar.

Trata-se de reconhecer conscientemente os autoboicotes, os juízos, bem como os sentimentos que surgem e, simplesmente, aceitá-los.

Muitas vezes investimos grande quantidade de energia a evitar, a manter distantes, determinadas emoções consideradas “más / vergonhosas / inadequadas” – tal como a raiva, a solidão, a tristeza, a inveja. Evitar, controlar ou ter medo de que as emoções nos controlem apenas permite que essas mesmas emoções ganhem mais força. Afinal, as emoções surgem e, se as reconhecermos, desaparecem.

Pode ajudar dizer uma palavra ou frase para nós mesmos, como “sim, tudo está bem” – reconhecendo e aceitando a experiência do momento.

 

I – Investigar com interesse e cuidado

Após termos reconhecido e aceitado o que está a acontecer, podemos voltar a nossa atenção para a curiosidade, para a investigação acerca da experiência. Contudo, mais do que curiosidade intelectual, ou concetualização, a investigação será mais profunda se a atenção se dirigir para as sensações físicas.

É importante investigarmos gentilmente, com ternura e sem julgamentos. Deste modo, criamos uma sensação de conforto e cuidado connosco mesmos e, em consequência, abrimos espaço para aprofundarmos os medos, vergonhas e feridas emocionais.

Ajuda usar perguntas como:

  • O que é que é mais importante neste momento?
  • Como estou a experienciar esta situação no meu corpo? Onde sinto a experiência?
  • Quais são as minhas crenças?
  • O que estou a sentir revela o quê de mim?

 

N – Nutrir-se com autocompaixão

 

Sermos autocompassivos significa cuidarmos de nós com amor, com ternura e de forma bondosa. Para tanto, há que identificar do que é que necessita esse lugar, esse espaço, que – dentro de nós – está assustado, magoado ou revoltado? E, de seguida, oferecer-lhe ajuda, reconforto, abrindo o nosso coração: necessita de consolo? De perdão? De companhia? De amor?

Podemos dizer mentalmente “desculpa, gosto de ti!”, “confia em ti!”, “sentires culpa é inútil!”.

Para algumas pessoas, ajuda também o gesto de colocar a mão no peito ou a visualização de uma luz brilhante e protetora. Podemos, igualmente, pensar em alguém especialmente querido e imaginar que toda a ternura, todo o carinho, todo o amor desse alguém, mergulha no nosso ser.

 

Boas reflexões!

 

* Adaptado de https://www.tarabrach.com/rain-de-la-auto-compasion/

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Publicado por M. Conceição Viterbo

Natural da cidade do Porto. Profissionalmente, sou Psicóloga Clínica, Instrutora de Mindfulness, Hipnoterapeuta Clínica, Formadora e Consultora.

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