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Comunidade de prática de Mindfulness online

M. Conceição Viterbo

Desde que entrámos nesta situação pandémica que criei um espaço para praticarmos Mindfulness em conjunto: aos domingos, pelas 11h00, através da plataforma ZOOM.

E, a partir de agora, todas as primeiras 4ª feiras de cada mês, pelas 21H00, também teremos oportunidade de nos juntarmos para uma meditação conjunta.

Convido-@ a participar! É uma oportunidade para dar um tempo a si próprio e cuidar da sua higiene mental!

Para participar inscreva-se aqui https://forms.gle/igBCvkJsWfNCeQjc7  e ser-lhe-á enviado o link de acesso.

É este o momento!

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Bem-vindo 2022!

Este é normalmente um momento de balanço, de repensar quais são verdadeiramente os nossos interesses, os nossos valores e onde pretendemos colocar a nossa atenção. É uma altura privilegiada para refletirmos, deixarmos velhos hábitos e permitirmo-nos praticar novas formas de estar connosco e com os outros.
E a propósito da mudança de hábitos, pode ser interessante refletir sobre o facto de por que razão resistimos a mudar. E a resposta nada tem de complexo: é o treino! E a mente facilmente o adquire : o de tomar banho, lavar os dentes, pentear o cabelo, e também o de nos vermos como insuficientes, ou não capazes, ou de sermos exigentes e repressivos connosco mesm@s, entre outros.
Muitos destes hábitos são treinados desde precoce idade; nascem com a intenção de nos protegerem, mas, muitas vezes, apenas se transformam em comportamentos autodestrutivos.
Mudar implica criar novos hábitos. Segundo um artigo muito interessante do Bullet Journal (https://bulletjournal.com/blogs/bulletjournalist/habit-vs-ritual), deixar um hábito implica criar novos rituais, que nos permitem – ao contrário dos hábitos, que são inconscientes – colocar consciência no que fazemos e, desta forma, assumir um papel ativo num processo saudável connosco própri@s. 
O grande “truque” é colocar a atenção no que sentimos, e em vez de querermos mudar o comportamento, mudarmos o que sentimos. Para ajudar a clarificar, o processo será:
– pergunte-se: por que mantém o hábito? quais os sentimentos que associa ao hábito?
– defina: quando quer mudar
– identifique: por que razão quer mudar? qual o sentimento que resulta se mudar?
Note que, ao definir a razão pela qual quer criar um novo ritual, está a criar um compromisso com o processo de mudança, está a definir uma intenção 
Espero que estas linhas @ ajudem a alcançar a sua felicidade!
Um abraço e Boas Festas!

Do parar à prática da compaixão

 Na correria do dia-a-dia, esquecemo-nos, muitas vezes, de nós próprios e de cuidar do nosso bem-estar. E, quando nos apercebemos disso, sentimo-nos numa roda – qual hamster! – que não conseguimos parar: como se tudo se nos impusesse e não tivessemos qualquer hipótese de mudar o que quer que seja.

Parar e olhar para nós própri@s, dá-nos a oportunidade de ver a roda do hamster e de como podemos sair dela. Através da prática de Mindfulness, desenvolvemos a capacidade de olhar para a nossa mente, notando quando a mesma está entretida em ruminações do passado ou em imaginações do futuro, e treinamos a nossa atenção para o que acontece no aqui e no agora.

Este é o propósito do workshop de Introdução à prática de Mindfulness, que decorrerá no próximo dia 15 de fevereiro. Ancorad@s em diferentes focos, desde a respiração à compaixão, teremos um dia para praticar o silêncio e dar valor à palavra!

Inscrições: https://forms.gle/8UWqyCSGSpX6sEiw8

Informações: psicologia.www@gmail.com

 

 

A verdadeira felicidade é um trabalho interno

cropped-3-13.jpgTal como as nuvens, as emoções e os pensamentos surgem. Não temos ação sobre isso, mas a forma como lidamos com os pensamentos e as emoções que surgem é da nossa responsabilidade!

Neste workshop o  objetivo é promover o bem-estar e a felicidade, mergulhando em nós mesmos, através das práticas de mindfulness.

É um convite para olhar para o aqui e o agora e lidar com as emoções e os pensamentos que surgem a cada momento.

A metodologia utilizada é prática e vivencial.

Os participantes do Workshop A VERDADEIRA FELICIDADE É UM TRABALHO INTERNO levarão técnicas e ferramentas para viver com diferentes estados emocionais, como a ansiedade, o stresse e a tristeza.

Formadora: Conceição Viterbo é Doutorada em Psicologia Social, Pós-Graduada em Sexologia e Psicoterapia e Licenciada em Psicologia. É certificada em Mindfulness pelo Quietud Mindfulness Center/Universidade de Zaragoza; possui igualmente certificação em Hipnose Clínica, em Coaching e em Eneagrama. Faz prática privada de psicologia clínica, é docente no ensino superior e formadora nas áreas do comportamento humano, em várias entidades públicas e privadas (http://psicologianaweb.wordpress. com/)

Investimento: 50 €

Inscrição: Para que a sua inscrição seja válida, deve preencher o formulário e fazer o pagamento do valor de 50€ para o IBAN PT 50 0033 0000 0004 6312 3173 7 do BCP e enviar o comprovativo para o e-mail lfformacao@gmail.com.

Formulário de inscrição:
https://forms.gle/2rFVySMiE6faW7Ne8

Para mais informações contacte: lfformacao@gmail.com

91 4278792

As vagas são limitadas, pelo que a ordem de inscrição no workshop será a liquidação do valor do mesmo.
Informações:
psicologia.www@gmail.com | +351 912 530 064
lfformacao@gmail.com | +351 914 278 792

https://www.facebook.com/events/1362692357086148/
https://psicologianaweb.wordpress.com/

Mindfulness e as emoções

img_20190827_193035-effectsEste é um testemunho de uma participante da 1a. edição do curso de Mindfulness e o Bem-estar Emocional. Partilho-o com a autorização da sua autora. Senti-me incapaz de cortar o que quer que fosse. Por isso, coloco-o na íntegra. Grata, X!

Relato Experiência Curso de Mindfulness e Bem-estar: 

  1. O desafio 

Estar connosco é reaprender a respirar. É estar dentro e fora do nosso corpo e na maioria das vezes, ou na totalidade dessas muitas vezes, não querer nem estar dentro, nem estar fora. O primeiro passo do curso de Mindfulness, para mim, foi reconhecer que eu, o meu corpo e todas as instâncias de mim, eram e são a minha casa e que nessa casa havia ruído. 

Desafio porque não queria ir, Desafio porque precisava de ir, Desafio porque fui e não sabia quando realmente iria regressar a mim. 

  1. A dor

Sentada numa sala com estranhas, deitada numa sala com estranhas, ser e estar numa sala com estranhas que se tornaram quotidiano. Sentada comigo e as lágrimas a quererem correr, deitada comigo e sem me saber abraçar, ser e estar comigo nem me saber ser ou estar. O curso de Mindfulness foi dor, a minha dor, a dor que eu deixei que me atravessasse, a dor que até hoje me é, mas com carinho, com respeito, com vontade de ser dor em crescimento e não em derrota, em sofrimento ou morte. Dor porque decidi aceitar-me, dor pelo tudo que antes via como falível em mim e que agora, mesmo com as incertezas e as inconstâncias que ainda me assombram, (re)conheço-me como dor em potencial, em transformação, em vontade de existência. 

  1. O amor 

Talvez o mais difícil. Talvez o diálogo mais amargo. Talvez o que ainda trago como Talvez. Olhar para o espelho e amar-me. Olhar para o corpo nu e amar-me. Olhar para o que em mim é inteligível e amar-me. Olhar para o que escondo e nego e amar-me. O curso de Mindfulness empurrou-me para o chão, para o vazio de amor próprio que sempre cultivei. Foi nessa queda, nessas muitas tardes e noites de escuta do medo do medo de mim que senti o Amor a despontar, Talvez, pela primeira vez, certamente agora sem necessidade de fim. Amor a aprender a amar o antigo desamor de mim pelo meu eu. 

  1. A entrega

Os outros. Eu e os outros em dinâmica de relação. Eu e os outros e esta ideia fixa (que por vezes ainda tenho) de que tenho de ser pelos outros em permanência e em exaustão. A entrega aos outros sem necessidade de justificar, de pedir desculpa, de me ver como um peso. Estou ainda em revolta comigo neste ponto. O curso de Mindfulness foi abertura à entrega ao outro, ao poder confiar além do querer confiar. Entrega à verdade de ser feliz com o que temos de um modo libertador e simples. E entrega sem crenças certas de que o passado ditará todos os dias a verdade que quero construir para a minha vida. 

  1. O abraço 

O corpo em contato com o desconhecido e com o estranho. O toque. A vontade de fuga. O desconforto. O não querer sequer estar. O curso de Mindfulness ensinou-me a realmente abraçar o outro mesmo quando o outro não me completa ou agita o sorriso, mesmo quando o outro está na distância da distância do que sinto. E no final, aprendi que nesse abraço ao outro, eu podia abraçar-me a mim. A experiência do abraço e do “autocarinho” foi a perceção de que para mim ver a vida com Mindfulness é a bondade de um amor infinito por mim em relação com o mundo. 

  1. O agora 

Usava e abusava desta palavra. Pelos trocadilhos, pelo significado e na verdade, nunca lhe auscultei os sentidos ou lhe compreendi o verdadeiro sabor. “É estar” mesmo que em agitação connosco. Fechar os olhos. Respirar. Estar. Repetir todo o processo. O mundo parece estar a ruir e nós estamos connosco, fechamos os olhos, respiramos, estamos. Confiar no processo. É doloroso, é denso e assusta. O agora sem passado, sem futuro? Onde nos situamos sem direção? O curso de Mindfulness foi um caminho sem obrigação de permanente escolha. Quando estamos neste agora nós somos a verdadeira escolha e essa passa a ser a direção certa para qualquer que passe a ser o caminho a seguir. 

  1. O medo 

Acaba o curso. Os cadernos continuam. As intenções. A meditação. Mas e no quotidiano e o quotidiano em si? Medo. Tremi e ainda tremo muitas vezes ao sentir que “estou sozinha com o Mindfulness”. Ao contrário de todos os meus hábitos desta vez não imprimi todos os materiais do curso,  não sublinhei o mais importante com cores diferentes ou repeti inúmeras vezes a mesma coisa até fazer verdadeiramente sentido. Fui para este curso como talvez nunca tenha ido antes para qualquer outra atividade na minha vida. Fui sem um conhecimento profundo sobre o tema, fui sem controlar nada ou quase nada do que me rodeava, eu fui, simplesmente fui e essa liberdade minha de ir, de ir comigo para este lugar e tempo que este curso me ofereceu tornou-se numa das melhores decisões deste ano de 2019. Por tudo o que passou a acontecer em mim e por tudo que permiti que acabasse em mim. Este curso de Mindfulness “permitiu-me acontecer-me” e quedo na esperança, face ao tanto e a tudo o resto que ainda tenho para aprender e viver, continuar na permissão desse acontecimento que é a minha existência no agora. 

À Dr.ª Conceição toda a admiração, luz e carinho, 

Espero por mais cursos e encontros,

Sempre grata, 

X”

A 2a edição do Curso inicia a 12 outubro.

https://www.facebook.com/events/680477049098538/?ti=icl

Mindfulness e o bem-estar emocional

A imagem pode conter: planta, ar livre, natureza e água

As emoções, que estão presentes em tudo quanto acontece na nossa vida, são a maior causa do sofrimento: porque desejamos mudar o que está a acontecer, porque não queremos aceitar a realidade tal como ela se apresenta ou porque rejeitamos as emoções que surgem naquele momento. No fundo, desejamos que as coisas sejam diferentes e criamos expectativas em relação ao que pode acontecer no futuro.

A prática da atenção plena – ou mindfulness – permite-nos estar presentes em cada momento, conscientes das sensações, das emoções e dos pensamentos. Para além disso, e uma vez que estamos presentes e conscientes sem críticas ou julgamentos, esta prática dá-nos a possibilidade de gerir de forma mais eficaz as diferentes emoções que sentimos, potenciando o nosso bem-estar emocional.

Uma das formas de regular as emoções é através da prática de mindfulness. Esta prática, como se infere, é diária – e, para que passe a fazer parte das nossas rotinas, há que dar a nós mesmos um período de incubação da mesma – daí este curso de 8 semanas, em que para além do conhecimento e da vivência da prática, também se compromete a diariamente a incluí-la na sua vida.

Os benefícios desta formação, prática e vivencial, traduzem-se, entre outros, nos seguintes aspetos:
– Gestão das emoções;
– Promoção da autoconfiança e da autoestima;
– Redução do stresse e da ansiedade;
– Saber estar de forma positiva na relação consigo e com os outros;
– Promoção da resiliência.

Duração: 8 semanas (8 sessões de 2,5h + 1 sessão de 1 dia)
Sábados (10h30/13h00) – início a 6 de Abril

Valor: early bird = 200€/pessoa (para inscrições até 31/03); 250€/pessoa (para inscrições posteriores a 31/03/19)

Inscrição: a inscrição será considerada efetiva após a realização de transferência do valor do curso para o IBAN PT50 0033 0000 0004 6312 3173 7 do BCP e envio do comprovativo para o email lfformacao@gmail.com
Formulário para inscrição: https://goo.gl/forms/SooGHaAE9Bq6q9g72

As vagas são limitadas, pelo que a ordem de inscrição no curso será a liquidação do valor do mesmo.
Informações:
lfformacao@gmail.com | +351 914 278 792

A descoberta da prática de mindfulness

O contacto com a prática da meditação iniciou-se há cerca de 19 anos, com a frequência de um curso de introdução à meditação. E, recentemente, concluí a certificação em Mindfulness, concretamente através do programa Basic Mindfulness Training Projet (BMIT, Quietud Mindfulness Center, Santiago de Compostela).

Durante todo este percurso, e fruto da formação frequentada e das leituras realizadas, todo um caminho de aprofundamento de mim mesma foi feito. Descobri muito a meu respeito e, em paralelo, fui crescendo como profissional, uma vez que, tudo quanto aprendia, fazia – e faço! – refletir na minha prática clínica.

Inicialmente, via a prática de meditação como uma forma de aprofundar o autoconhecimento. Depois, comecei a percebê-la como uma maneira de aliviar a ansiedade e gerir as emoções.  Atualmente, vejo-a como uma espécie de acordar, no sentido de sair da alienação, do adormecimento em que parece que muitas vezes todos andamos.

A prática de mindfulness mostra-me como verdadeiramente sou, revela a confusão mental – todo o bla-bla-bla da mente –, permite que crenças e convicções profundas se tornem claras. Sobretudo, cria um espaço que possibilita, momento a momento, observar o que vai surgindo na mente, facultando a possibilidade de me envolver ou não com aquilo que surge.

Através da prática de mindfulness, e particularmente através da aceitação, posso manter uma relação honesta, direta e verdadeira com a pessoa que Sou. Percebi que não se trata de me mudar, mas sim de me aceitar, para que me possa transformar. Encontrando todos os medos, fantasmas, crenças, sobre os quais erigi esta pessoa, olhando para eles e não lhes resistindo, mas apenas compreendendo, posso criar condições para que a verdadeira metamorfose ocorra. Apenas quando o diálogo interno deixa de tecer críticas ou de assumir padrões rígidos, apenas quando essa conversa interna esmorece, é que se promove a abertura para a possível transformação.

Há, igualmente, que mudar os hábitos, nomeadamente os padrões de pensamento. Como refere Chödrön (2002):

Nacemos con un intenso deseo de resolución y seguridade que gobierna nuestros pensamientos, palabras y acciones. Somos como los tripulantes de una barca que se está deshaciendo a pedazos y que intentan sostenecerse en el agua. La dinámica, la energética y la corriente natural del universo no son admisibles para una mente convencional. Nuestros prejuizios y adicciones constituyen unos patrones mentales que nacem del miedo que nos suscita um mundo fluido. Como tomamos lo que sempre está cambiando por permanente, sofrimos. (…) Al seguir buscando una gratificación instantánea, (…), continuamos fortaleciendo los antíguos hábitos de sufrimiento.

Mindfulness enquadra-se nas psicoterapias de terceira geração e conduz-nos, através do desenvolvimento da metacognição, à dissolução do discurso interior que connosco mantemos, já que consciencializamos, entre outras, as tendências para o que gostamos – e a que nos apegamos – e para aquilo que não gostamos – e que nos conduz à aversão.

Conceição Viterbo (Adaptado do projeto final apresentado na certificação BMIT).

STOP

 

 

Em Mindfulness, existe uma prática simples chamada STOP: Stop, Take a Breath, Observe, Proceed. Pode ser uma prática informal de atenção plena ou um complemento para a meditação formal.

São quatro os passos de STOP, fáceis de aprender, mesmo se nunca praticou a atenção plena:

 

  • Stop significa parar com o que está a fazer e com o que está a pensar.

 

  • Take a Breath significa levar a sua atenção para a respiração, notando-a onde, para si, for mais confortável: no nariz, no peito ou na barriga. Significa tomar consciência da respiração, do movimento do ar a entrar e a sair dos pulmões. Não se trata de tentar mudar a respiração, trata-se apenas de a seguir. Uma ou duas respirações, geralmente, são suficientes para se conectar consigo.

 

  • Observe significa prestar atenção à experiência do momento. O que é que está a acontecer no seu corpo? No seu coração ? Na sua mente? No ambiente em redor? Tem, assim, a oportunidade de notar o que é que está a acontecer consigo e de descobrir qual é o estímulo que está a atrair a sua atenção – estímulo esse que pode ser agradável, desagradável, ou neutro. Não há necessidade de julgar, apenas note o que está a acontecer agora, neste momento.

 

  • Proceed significa retomar a sua atividade, com o conhecimento recem-adquirido do seu momento de atenção plena. Talvez tenha encontrado uma irritação, que não sabia que estava lá, e pode decidir que esta não irá interferir com o seu trabalho. Ou pode encontrar tensão nos ombros e tem a oportunidade de descontrair. Proceed permite que reajuste o que poderia ter ficado fora de equilíbrio, tanto interna como externamente.

 

No dia-a-dia, use recordações visuais em lugares estratégicos ligados aos seus hábitos atuais! É fácil colocar os sinais STOP na sua mesa de trabalho, na casa de banho, na sala, na cozinha. O sinal STOP também pode ser usado como papel de parede no seu computador ou no seu telemóvel. Quando se trata da prática de atenção plena, todos precisamos de vários reforçadores!

Poucos segundos são necessários para que a mente se centre novamente, aliviando um pouco do seu stress!

Cada STOP é uma ocasião para se recompensar com um sorriso por ser tão bom consigo mesmo!

Cuide de si 😉 Fique bem 🙂

Parar e alimentar o Ser!

Primavera é tempo de renovação! É tempo de dar tempo a nós mesmos – parando e reabastecendo o nosso Ser.

Tendo esta proposta em mente, o mês de Abril contempla vários momentos por que  pode optar e cuidar de si! Veja:

Workshop Viagem à auto estima – gostar de mim (porque) eu mereço!

Dia 14 abril, das 15h00 às 18h30, Espaço LF – Rua do Paraíso, 45, Porto

Viagem, com reflexão partilhada, até ao que sentimos por nós mesmos – e a tudo quanto, sem nos apercebermos, contribuiu para um baixo ou alto apreço por nós.

Veja mais informações em:

https://www.facebook.com/events/1452304188232074/?active_tab=about

Inscrições em:

https://goo.gl/forms/uH0cqSlQzYuifprs1

 

Sessão mensal de meditação

Dia 14 abril, das 11h00 às 12h30, Espaço LF – Rua do Paraíso, 45, Porto

Mensalmente meditamos em conjunto. E partilhamos experiências, dificuldades, sugestões, leituras,  relativas à prática de Mindfulness.

Inscreva-se em:

https://www.meetup.com/pt-BR/Meetup-de-Meditacao-Porto/events/248766037/https://goo.gl/forms/Eu0jdrIZgl1s6Kdi2

 

 

Contemplando o silêncio, ouvindo o coração

De 20 a 22 abril|2018, Casa da Torre – Vila Verde

É um fim-de-semana dedicado a nós próprios, dando tempo a nós mesmos. E, através das práticas de Mindfulness e de Yoga, descobrindo quem realmente somos.

Inscreva-se em:

https://goo.gl/forms/MKLh1qO9xflHBhVS2

 

Cuidemos de nós 😉

No mais profundo dos teus olhos

Olhei-o profundamente nos olhos. Por momentos senti que à minha volta tudo desacelerava, como se a própria luz reduzisse a sua intensidade. Em abono da verdade, ao olhá-lo profundamente nos olhos, senti que à minha volta tudo permaneceu suspenso, como que a dar-me tempo para estabelecer todas as conexões necessárias. Ouvi uma voz, vinda das profundezas das entranhas do meu ser, que me dizia não vale a pena, deixa, não vale a pena.

Com o meu olhar mergulhado no dele, admiti a mim própria que era ali, naquela chafurdice de pensamentos, lamúrias, tristezas, sofrimentos, que o meu Pai queria estar. E todos os meus argumentos, todas as minhas tentativas de perspetivar de um outro ângulo os acontecimentos, apenas e só batiam, com toda a força, naquela construção empedernida de cimento onde desejava continuar a sofrer.

Há duas horas, quando entrei em casa, encontrei-o com os olhos sapudos e vermelhos, aquela expressão parada, perdida, como se nada existisse para além daquele mergulho numa imensa tristeza e apatia. Entre suspiros, lágrimas escondidas e um corpo aninhado, como se não tivesse direito a respirar, consegui perceber que o carro tinha avariado. Que o conserto era caro. E que, a partir deste detonador, se juntaram as questões existenciais – não sei para que é isto tudo, já não sei o que ando para aqui a fazer, nada faz sentido, não valho nada, … -, juntaram-se as dúvidas relativamente à área profissional – não sei se estou no caminho certo, se o que faço serve para alguma coisa, não me sinto bem no que faço, … – juntaram-se os dissabores enquanto progenitor – nem sequer fui um bom Pai, não te dei atenção, não tive tempo para ti, se tens os problemas que tens, a culpa é minha, … – juntaram-se as mágoas associadas aos afetos – nada dá certo na minha vida, nenhuma relação funciona, não consigo ter alguém ao meu lado … E, a somar a tudo isto, o carro que avariou.

Há duas horas, comecei a ouvir toda esta miscelânea de sentimentos. E, como sempre fiz, procurei que visse para além da dor, da tristeza, da insatisfação, da mágoa. Procurei que encontrasse o seu valor, que reparasse nesse ser magnífico que é, para além da insignificância que estava a fazer crer a si próprio. Procurei exemplos, situações palpáveis. De nada adiantou, de tal forma estava centrado na sua vitimização. Completamente absorvido por essa análise relativa, parcial e de pena por si próprio.

Olhei-o profundamente, como se, naquele instante, fossemos apenas um. E compreendi finalmente tudo.

A emoção que me invadia era de uma intensa frustração. Apesar das minhas tentativas, o seu foco continuava igual – tal como há duas horas, tal como há anos. Há muito anos, já.

Toda a vida, desde que me lembro, ele teve estes momentos. E eu procurei, em todos eles, retirá-lo desses estados de sofrimento. Desde que me lembro, tentei ajudá-lo, apoiá-lo. E o resultado foi sempre o mesmo: como hoje, apenas colocava cá fora as suas amarguras, as suas revoltas e, sobretudo, os seus medos. E ficava a nadar na vitimização.

Olhei-o profunda e demoradamente.  Apenas sentindo a dor que se intensificava no meu peito. Apenas sentindo a frustração de não conseguir tirá-lo desse sofrimento. Apenas sentindo a impotência perante o seu estado.

Durante – quase – toda a minha vida, ouvi os seus lamentos e revoltas. E o que eu sentia era que me era pedida alguma coisa, que tinha de fazer algo, dizer algo, tirá-lo daquele sufoco. O que eu sentia – sem nunca o ter verdadeiramente compreendido – era que me competia a tarefa de aliviar essa carga. E, durante – quase – toda a minha vida, perante esse seu (comum) estado, fui construindo em mim mesma a insegurança, fui potenciando a minha baixa autoestima, sentindo-me – sempre que o tentava ajudar e não o conseguia – incapaz, insuficiente.

Olhei-o profunda e demoradamente. Compreendi que a frustração e a impotência que eu sentia – que há muitos anos sentia – tinham-se transformado em autodesvalorizações. Compreendi que, ao não conseguir que deixasse o papel de vítima, que apenas agora se tornou claro para mim, eu tinha crescido a ver-me como incapaz, como insuficiente, como se faltasse sempre algo – porque eu nunca conseguia tirá-lo desse sofrimento. Compreendi que sentia culpa, porque afinal era incapaz de o ajudar – e sentia que estava, constantemente, a falhar perante o meu Pai.

Durante – quase – toda a minha vida aprendi (e escolhi, compreendo agora) a dedicar-me aos outros, na tentativa de os ajudar, sentindo no mais profundo de mim mesma, que algo faltava, que algo falhava, que eu falhava. A insegurança acompanhou-me em todas as áreas da vida: profissionalmente, defrontando-me a todo o momento com o medo de falhar, receando a cada novo projeto não conseguir, não ser capaz; socialmente, quando me comparava com os outros sentindo-me menos-do-que-os-outros; afetivamente, rodopiei na vã tentativa de salvar todos os homens que conheci, sentindo – constantemente – que havia algo que eu não estava a fazer para que aquela relação desse certo.

Olhei-o profunda e demoradamente. Compreendi que, na minha tentativa de o poupar ao sofrimento, tinha construído um ser inseguro e com receio sistemático de falhar. Compreendi que, afinal, com as minhas tentativas de ajuda, apenas tinha conseguido perpetuar o comportamento do meu Pai, reforçando a sua tendência para a vitimização.

Olhei-o profunda e demoradamente. Olhei-me profunda e demoradamente. No mais recôndito do meu ser. E compreendi.

CViterbo

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